15/08/2022

Tá tudo muito rápido, mas eu preciso falar umas coisas

Alou.

[sobre trabalho e sair da casa da minha mãe]

Mais uma vez chega a fase em que eu não quero mais trabalhar e fico enrolando pra tudo... Normalmente, é um sinal de que chegou a hora de pensar em fazer outra coisa. Será que agora vai (de novo)? 

Já conversei com chefe algumas vezes sobre desenvolvimento e carreira, essas paradas chatas do mundo corporativo e, bem, para ele eu ainda preciso demonstrar várias coisas até que possa merecer uma promoção. Não acho que ele esteja errado, até certo ponto. Sinto que eu poderia muito bem estar um nível acima, considerando não só minha expertise, mas também meu envolvimento e desempenho como um todo. Nem que fosse só um aumento pra motivar, sabe?

Enfim, acho isso um saco. Já conversei com vários amigos sobre e todos eles acham trouxa como a minha empresa tem processos bem estranhos pra promover a galera. Esse é um dos grandes motivadores pra eu sequer enxergar que meu tempo lá vai durar muito. Desde que percebi esse formato de "sabe-se lá deus quando você vai ser promovido" já me fez pensar na hora que mais de 2 anos não fico. É um pouco cômico pensar que ainda vou completar um ano daqui pouco mais de um mês e já sinto que estou estagnando. 

Também não posso ser uma pessoa ingrata, ter mudado de emprego me proporcionou muitas coisas boas, inclusive um aumento que eu precisava há tempos, mas que hoje em dia já não é suficiente. Uma coisa boa não cancela as outras negativas, assim como em relacionamentos com pessoas, com trabalho não é diferente, então não vou passar pano pra me iludir de novo.

Há umas duas semanas, mais ou menos, meu avô ficou internado (ele está bem agora) porque seus níveis de sódio estavam baixíssimos (eu nem sabia que isso era possível, já que a gente normalmente vive "controlando sódio" por comer porcarias industrializadas) e durante esse período minha família teve que se desdobrar pra conseguir dar conta da situação, que foi esta:

- minha avó não podia ficar sozinha na casa dela, já que em 60 anos de casados eles nunca ficaram longe um do outro;
- meu tio apesar de bem intencionado tem as capacidades de, no máximo, um adolescente quando se trata de ser uma pessoa funcional e adulta;
- os gatos, daqui de casa e da casa da minha tia precisavam de alguém com eles pra dar comida e água;
- alguém precisava ir ver o meu avô e receber os relatórios médicos diários durante a internação.

Com tudo isso e depois de algumas conversas com entrelinhas duras, minha tia foi convencida (e obrigada) a passar alguns dias com minha vó e eu fui pro apartamento dela cuidar dos gatos enquanto isso, já que posso fazer home office de qualquer lugar.

Nesse meio tempo, uns três dias, a mudança de ambiente me fez muito muito bem, despertando de novo a pulguinha atrás da orelha de querer ter minha casa de verdade

É engraçado como mesmo tendo "voltado pra casa" depois de vir do Canadá, não consegui mais me sentir totalmente confortável morando no apartamento de sempre junto com a minha mãe. Mesmo as coisas estando milhões de vezes melhores com a Tchela tendo se mudado daqui, mesmo eu tendo meu próprio quarto, mesmo os gatos estando aqui, mesmo com tudo isso... Uma parte de mim ainda se frustra e se entristece de não residir num lugar 100% do meu jeito. De mim pra mim, sabe?

Pois é, só que pra isso rolar, é preciso fazer escolhas: é preciso esperar ou dar guinadas na vida. 

As escolhas envolvem esperar para ter a minha casa quando eu sair do país, que a cada momento parece uma meta com mais e mais anos de espera; ou alugar algum lugar por aqui enquanto sigo juntando dinheiro; ou simplesmente desistir de sair do Brasil. Sinceramente não acho que eu vá desistir tão cedo, mas a ideia de poder fazer as duas coisas tem hoje um espaço na minha mente e no meu coração cada vez maior. Já dizia hannah montana, "the best of both worlds" hahah.

Com tudo isso em mente, fui atrás de alguns apartamentos pra alugar aqui por São Paulo e até achei alguns bem aceitáveis. Preciso ressaltar que tenho algumas considerações a respeito de alugar um lugar ainda aqui no Brasil. Me recuso a gastar dinheiro pra morar num apartamento, por mais lindo e impecável que seja por dentro, que fique numa área que não me dê gosto de andar e olhar o entorno. Se for pra ficar num lugar que eu saia na rua e não me encha de vontade de existir ali, nem me dou o trabalho, já tenho isso aqui onde estou.

Por isso minhas buscas por apartamentos até que resultaram em algumas opções legais e interessantes, tive aquele friozinho bom na barriga imaginando esse novo pedaço da minha vida... Mas todo esse cenário é impossível com as minhas condições atuais. Não tenho dinheiro pra aluguel+contas+gatos+terapia+comida e gastos extras como faculdade, veterinário do Cuca (milão a cada 2 meses), tudo sem nem considerar 1 coisinha que seja de lazer e muito menos reserva de emergência ou fundos pra sair daqui. 

Resumindo: meu salário não dá pra isso. Eu precisaria de pelo menos 6 mil reais e isso é 30% a mais do que ganho hoje, então sem condições se tudo se mantiver como está. 

Aí que entra a segunda opção, dar uma guinada na vida. Alguns métodos são possíveis. Aos poucos estou retomando minha ideia de fazer comissions para furries, até voltei a desenhar depois de quase dois anos e estou tentando ver como encaixar mais esse trabalho na minha rotina extenuante trabalho+faculdade.

Outra forma de ganhar mais é pegar freelas de design, que é algo que odeio. Um antigo projeto que peguei por pena voltou recentemente e a moça que me contratou (por um valor quase equivalente a esmolas) quer fazer mais coisas comigo, mas ainda não sei se vai rolar agora que vou cobrar um preço minimamente digno. De qualquer forma, como mencionei é algo que odeio e me dá muita ansiedade, então prefiro nem considerar, coloco aqui apenas como documentação.

E, por fim, dá pra mudar de emprego e ganhar mais. Simples assim. Tão simples que, mais uma vez, meu amigo e ex-chefe me chamou pra que eu me inscreva em duas vagas para a empresa onde ele está, com possibilidades de salário entre, adivinhe, 6k e 8k.

Claro que nada é fácil, mas ele aparecer com vagas mais uma vez bem no momento em que minha cabeça tem rodado quase todo dia por questões de dinheiro me fez pensar em como pode ser realmente uma saída possível.

Não vou sair procurando um novo emprego. Mas essa chance aí caiu no meu colo e eu vou tentar fazer dar certo.
Embora me deixe um pouco triste pensar em sair do time em que estou agora, de nada adianta ocupar minha cabeça com um adeus que nem mesmo existe, então vou me fazer um favor e tentar viver um dia de cada vez.

Vou tentar, não me custa nada.

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[sobre mim]

Ontem fui ver o Len e a Gigi, duas amizades dos tempos do AEG que sobreviveram a todo esse tempo. Na verdade, reencontrei a Gigi (antes Okami) graças ao Len, com quem eu tinha conseguido voltar a falar antes de ir pro Canadá, mas depois de voltar acabei me distanciando durante minha fase de reclusão digital. 

Bem, o Len veio falar comigo faz um mês dizendo que estava no Brasil prestes a voltar pro Canadá pra  terminar a faculdade dele e aí conseguimos sair um dia e na última sexta fui até a casa dele pra gente passar a noite juntos e depois encontrar a Gigi e comer ramen como despedida antes dele voltar pra Toronto.

Tudo isso foi uma experiência muito gostosa. Há um tempinho, como falei aqui, eu estava sentido muita falta de novas amizades, em especial de gente que partilhasse das mesmas posições políticas e éticas. A partir daí conheci o Greg (meu amigo ecossocialista que quer ser mais que meu amigo haha) e é uma coisa muito boa, mas não era suficiente. E percebi que não era suficiente depois de sair com o Len e passar horas e horas falando sobre mangás, animes, desenho e todas essas coisas que acabei guardando pra mim depois de terminar o curso de animação. 
Mesmo na VFS, apesar de ser muito incrível poder conversar com gente que entendia o meu amor e intensidade sobre animação e ilustração... nunca encontrei (ou nunca me abri o suficiente para encontrar) alguém com quem fosse possível falar de BL, otome games nem nada disso. Mesmo gente que conheci durante esses anos e que gostavam de anime/mangá, são tópicos muito genéricos e que abarcam um monte de gêneros, então não consegui me alinhar com ninguém. Mas o Len e Gigi seguem na mesma frequência que a minha e pude perceber como isso é bom e faz falta.

Recentemente a Mei também veio aqui em casa, foi uma grande conquista pra mim, já que uma das grandes forças motivadoras de eu querer ter um lugar só meu é poder convidar as pessoas pra vir ficar comigo e fazer rolês baixo custo e alto conforto hahaha. 
Mei apesar de também gostar de BL, é fã dos doramas, enquanto sou uma desgraça pra assistir coisas sozinho haha. Com esse pretexto marcamos uma tarde pra começar a ver junto um dorama que ela me recomendou e também foi ótimo. Ainda não consegui mergulhar como faço com mangás, mas é bem fofo.

Sei lá, foram momentos muito felizes e que quero replicar. 

Existe a possibilidade de que eu esteja projetando tudo isso em cima da ideia de "ter um apartamento meu" e no fim seja mais questão de organizar minha vida pra comportar esses momentos na configuração atual, do que me mudar, mas por hora quero seguir com esse objeto de desejo/meta/frio na barriga.

Também falei pro Sérgio sobre minha descoberta sobre conseguir sentir meu coração e amar estar vivo. Acho que na hora ele quase chorou, ficou emocionado mesmo haha.
Foi bom compartilhar isso falando, me ouvir descrever a felicidade deu um peso maior pra tudo ♥.

Outra coisa boa que vale registrar é como tô felizãoooooo, usando minhas roupas do jeitinho que sempre quissssss!!!1!!!

Sério, é bom demais. A Tchela me deu 2 casacos ✨incríveis✨ e que eu tava querendo muito comprar mas similares tavam em torno de 600 reais e, obviamente, não comprei então os presentes dela tão realizando meus sonhos de inverno haha.

Me sinto um gostoso da porra, juro. 

Ainda quero umas blusas de gola alta, mas com o que tenho hoje já tô realizando vários sonhos cotidianos. 

Sempre penso em como roupa é uma coisa importante pra mim. É literalmente uma forma chave de me expressar e a questão é muito menos de "mim para o mundo" e sim a reflexão de "como estou me sentido" e como colocar isso pra fora através das peças. Enfim, momentos de vida de mim pra mim.

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Ai, eu ia falar de relacionamentos ainda... mas já tá muito tarde e amanhã começo cedo no trabalho.

Fico por aqui, foi bom escrever.

Falei com o Sérgio também sobre como tô tentando retomar hábitos que me fazem feliz e escrever no blog periodicamente é um deles. Espero conseguir.
Por hoje já quebrei meu recorde do ano de postar em menos de 1 mês, vamos torcer haha.

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