06/05/2023

Nunca é pouca coisa, mas pelo menos agora é um montão de coisa boa

As coisas tão indo muito muito bem. E eu tava sentido que tava tudo muito muito bem, mas agora olhando pro branco do post me deu aflição de começar.

Medo de que? Confesso que me assusta sentir um aperto no peito nesse momento. O blog tem sido meu refúgio por tantos anos, literalmente mais de uma década. Sentir ansiedade de pensar em postar me parece um pouco desesperador, mas por agora vou passar por cima dessa sensação e afirmar que foi algo momentâneo e que não vai voltar. 

Sei lá, vai ver é efeito colateral de aniversário. Tava achando diferente demais nenhuma deprêzinha de niver. 

Bom, vamo lá. Ser apesar disso. Acima disso. 

Aconteceu muita muita muita muitamuitamuita coisa, é claro.

Dentre elas, mesmo antes da revolução que foi a viagem pra Porto-HolandaBarcelona-Algarve, assim mesmo, com os traços pra indicar os hiatos em que tive que trabalhar e perder anos de vitalidade (GASTANDO EM EUROS), muita coisa já tava cozinhando por aqui. 

Ainda não consegui decidir se minha nova psicóloga é muito boa ou se eu que tô numa fase de muita resolução e avanço de vida. 

Pausa.

Fast forward em 1h porque parei pra rever o blog e entrei num buraco de minhoca de memórias revendo retrospectiva, que foi pra lista de desejos, que foi pro MAL, que foi pro pinterest, deu ansiedade e voltou.

Depois das poucas sessões que fiz com o menino da fenomenologia (que pena que não durou, mas infelizmente só consigo pensar nele como "menino", talvez "migo", mas nunca psicólogo kkcry) passei a tentar falar menos "tenho ansiedade" ou "sou uma pessoa ansiosa" e atribuir a sensação a momentos. Só que agora eu menciono ansiedade com tanta frequência que não sei se ajudou muito... 

Bem, já faz um tempo que olhar o pinterest era algo que me causava desconforto. Desconforto esse que sei bem do que é feito, mas que segui e sigo empurrando pra baixo do tapete. 
Eu sei que não desenhar ou produzir nenhum tipo de arte não é o ideal pra mim. Desde a pandemia comecei a cavar o abismo entre mim e arte, tenho plena consciência disso e me encontro bem aí, na parte mais funda, sem escadinha.

E assim, eu sei. Eu sei eu sei eu sei e odeio que eu sei. Porque depois de tantos anos fazendo outras coisas, descobrindo e aperfeiçoando partes de mim que importam e me inserindo em espaços que também fazem sentido além da arte, sinto que enferrujei e isso acaba comigo. 

Então afundo a cabeça na areia, daí surge o pinterest cheio de coisas que combinam comigo e eu sofro.

Sabe, em Barcelona conheci o Jacob, um professor de arte austríaco. E conversei com ele fingindo que os nossos mundos ainda eram parecidos, que eu vivia a mesma coisa que ele. Só que era Cami de 5 anos atrás falando com ele, costurando retalhos de vida atual pra tentar não acabar com a fantasia. 

Por ter tido frustrações com o meio "ilustrador/artista/designer" aqui em sp nos últimos anos acabei me afastando propositalmente dessas pessoas e, sem esse "incentivo", acabou que me afastei das coisas boas também e demorei a perceber que fazia falta. 

Agora que tem um buraco enorme, evito olhar muito pra ele. Fecho o pinterest e volto a escrever. Hahaha.

A parte boa é que isso vai mudar. Esse ano, que parece estar finalmente começando, eu e Nathi vamos fazer A Retomada . Tô confiante e esperançoso. Vai rolar.

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Fora isso, tem mais várias pautas na agenda. Claro que a maioria delas não vai sequer beirar o post, porque já tô cansando e mal comecei a falar da viagem... Ai ai.

Consegui um novo emprego. IHU, senhoras e senhores.

Depois de prometer a mim mesmo que eu sairia da empresa até abril e passar por uma frustração de, não só não sair antes de abril, mas também viajar trabalhando 2/3 do tempo e FAZER ENTREVISTAS também nesse meio tempo, finalmente a glória veio. 

Na moralzinha, não é lá tuuuudo que criei na minha mente. Meu convênio médico agora vai ter coparticipação (esperava mais, dona Gympass), meu salário não vai aumentar drasticamente, nem os benefícios, mas sabe o que? Foda-se, eu tô MUITO FELIZ. 
Eu almejo essa vaga há mais de ano, é meu primeiro degrau. E se tem algo que sei fazer bem, é ralar pra subir escada corporativa em tempo recorde. Então assim, só alegria.

Depois da dissociação que foi o período pré-viagem, em que não consegui sequer pensar ou contar pra minha psicóloga que eu ia viajar, porque o desgosto de ter que trabalhar era tanto que não dava nem pra pensar em planejar nada, agora é tempo de festa, orgulho e respiro.

Terça-feira vou ter a famosa conversa com minha chefe (e meu ex-chefe) e ver até quando trabalho. Minha data pra começar na vaga é só em junho, então minha ideia é tentar pegar pelo menos 2 semanas de descanso. Duas semanas tal qual o tempo de férias que me foi negado, olha só como o mundo dá voltas, menine. ✨ 

Pois é, o trampo veio, agora é seguir riscando os itens da listinha de desejos. Daqui pra cima.

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Cansei já. 

Queria que o post se materializasse diante de mim, prontinho haha.

Como não é o caso, vou tentar fazer um apanhadão pra finalizar e dormir (aham, sei).

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Primeiro, deixo aqui documentado que, no período de 20/04 a 23/04, eu fui a pessoa mais gostosa e desejada de Barcelona. Não sou eu que decido, é a voz (e as encaradas) do povo. 

Sério, além de toda arquitetura de tirar o ar, aquela cidade me deu a confiança de milhões que nunca existiu em mim. 

Lá o padrão é encarar. Encarar se acha bonito, feio, esquisito, se tá tentando decidir o que achar. É a norma. 
Como uma pessoa não binária bem longe de casa, no começo foi meio assustador. Mas pagando caro e com cada minuto sendo um minuto a menos da minha viagem, graças a deus meu cérebro criou o interruptor "grande goxxxtosa" e deixou colado com fita isolante até o embarque de volta pro Porto. 

E quando as pessoas falam "ai, quando você se sente bem, os outros também te veem desse jeito". E ESSA MERDA É VERDADE, SABE???!!! Assim, acho uma palhaçada que uma frase trouxa dessas seja verdade, mas... realmente kkkkkkcry.

Saímos 2 vezes a noite e, cara foi incrível. Nunca me senti uma pessoa desejável. Sequer é algo que me passa na cabeça, afinal o espectro ace tira muito da minha percepção nesse quesito. Mas, sério, foi surreal. 
Fiquei com um monte de gente, o que, com certeza confirma que "quantidade ≠ qualidade", mas peneirando pra focar nas partes positivas, foi algo importante pra me ajudar a entender que, sim eu posso e quero me relacionar de novo.

Óbvio também que a única pessoa com quem fiquei e gostei foi também a ÚNICA que não peguei nenhum contato e ficará pra sempre assombrando a minha memória com tudo que a gente poderia ter tido (amo a ideia de você, Edward, na minha cabeça você é o único norte-americano branco que presta KKKKKK). Mas tirando isso, ter experimentado depois de tantos anos toque e troca foi importante.

Já faz um tempo que me enrolo no bumble e fico evitando todos os possíveis "sim" e essas experiências me fortaleceram pra olhar pra situação aqui em casa e pensar "acho que agora vai" hahaha.  

Ainda tenho algumas coisinhas pra fazer antes de cavar tempo pra encontros e beijinhos, mas agora parece bem menos distante. Progresso.

Confesso que ainda tô um pouco insuportável pensando "ain mas eu queria mesmo uma boquinha estrangeira hihihi", mas logo eu paro de graça.

Até porque, antes de mais nada ainda tem bastante coisa preu resolver antes de andar com isso.

Tem emprego, aparelho, tirar os sisos, ver se vou me mudar ou não esse ano, começar a fazer exercício, desfazer minha mala e tentar ser um ser humano funcional dentro de casa... Só pra listar algumas coisinhas básicas e de curtíssimo prazo. 
O brilho nos olhos vai já desaparecendo, vê? 🫠🫠🫠

Pois é.

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Agora, sobre sair de casa.
Pra encerrar também, porque tô cansadim.

Não é de hoje que minha casa tem se tornado um local de anulação ao invés de conforto. Eu e minha mãe infelizmente temos o mesmo mau hábito de se esvair e passivamente se acostumar às condições ruins que possam aparecer. A gente só... deixa ir. E isso é um atraso de vida que não posso me permitir ter. 

Antes tava claro pra mim que a solução era sair daqui pra resolver. Agora, depois de 3 (só três!) meses de terapia com a Aline, comecei a me questionar se não seria possível e imensamente realizador transformar a situação aqui de casa pra melhor e voltar a cultivar a relação com a minha mãe, que foi ficando soterrada por todos os problemas externos que anulavam e anulam a gente.

E putz, como isso é difícil! Porque parece algo ótimo, mas o trabalho emocional e físico que isso envolveria é enorme. E mudar seria mais simples, porém, todavia, entretanto... Enfim, um dilema.

É uma escolha que não tava visível e que agora complicou tudo, haha. 

As coisas podem ser boas dos dois jeitos. Eu posso, em teoria, dar uma melhorada na vida atual antes de me mudar. Só que pra isso preciso me mexer. E tá difícil.

Infelizmente a viagem não teve efeito nesse ponto. Voltei e continuo virando parte da mobília aqui em casa. Deixando pra amanhã a tarefa, o cozinhar, o arrumar, o "vamos chamar alguém pra consertar o filtro?". 

Sair dessa inércia é um dos grandes desafios dos quais tenho me esquivado nos últimos anos. Me escondi muito bem atrás da faculdade e das dificuldades no trabalho, sobrecarregando minha mãe no meio do processo. 

Sei que não dá mais, mas não quero sair da cama quentinha da autocomiseração. É foda. Espero conseguir me mexer.

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Adoro que consegui fazer um 180º de várias pautas boas e felizes pra um dilema que me come o sono, bem na hora de terminar o post. 

Incrível, um talento eu diria haha.

Pra não ficar tão pesado, colo com lantejoulas a experiência catártica que foi assistir Moonage Daydream durante o voô de volta pra casa.

Como é sempre um acontecimento pra mim assistir filmes estando só, tenho aproveitado as poucas viagens longas que fiz pra preencher esse vácuo. 

Moonage Daydream foi muito mais do que eu poderia esperar. Queria muito ter tido a chance de assistir em algo maior e mais imersivo do que a telinha minúscula do assento do avião, mas mesmo isso não diminuiu o impacto.

Dependendo do dia e se durar muito, pensar no David ainda dói. Agora mesmo, no meio tempo de pesquisar um pouquinho já me faz segurar lágrimas e uma tristeza que não tem cabimento e nem fim. 

Por isso, acabo ironicamente me afastando de consumir muita coisa de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Dessa vez arrisquei e fui ver o filme pra me distrair do moço que tava do meu lado, que era do tipo homem de meia-idade legal/chato que é bem intencionado, mas fala demais e cansa.

Foi maravilhoso. Fazia pelo menos 5 anos que eu não via um vídeo dele, então assistir a 2 horas de colcha de retalhos entre passado e presente-passado-vivo foi... Muita coisa. 

Fico feliz de ter tido a oportunidade.
Essas coisas que a gente não sabia que tava precisando, bem assim. 

É com essa sensação de aperto bom no peito que quero terminar.

Aparentemente, todo tempo do mundo pode passar, mas quem conduz o meu barquinho salva vidas é um homem-alien-entidade com uma das pupilas maior que a outra. 

Que bom.

07/02/2023

Suco de j-pop, pressão boa e euforia de gênero na balada

 


Ai umas coisas aconteceram e eu queria muito ter vindo aqui antes. Praxe né, eu penso muito o tempo todo, mas vir aqui que é bom, nada.

Bom, vamos lá.
Primeiro queria registrar a dificuldade em conseguir escolher uma foto de capa pro post, que saco. Tem me dado um pouco de aflição de pegar ilustras que não sei onde creditar e, quando não é isso, simplesmente nada me parece combinar com o que eu espero. Enfim, chatice que me faz perder tempo que poderia ser usado pra ESCREVER. Mandando essa direta pro meu cérebro pra ver se agiliza da próxima vez.

Vou jogar tópicos, pra caso eu não consiga desenvolver muito, pelo menos tenho um rascunho de onde partir.

  1. o ano começou de verdade agora. tô indo em um milhão de consultas, vendo quanto que fica a brincadeira de colocar aparelho (não é barato kkcry), enfim fazendo a vez de pessoa adulta responsável pelo meu bem estar físico. ser adulto é um saco, não recomendo.

  2. tive minha primeira consulta com minha possível nova psicóloga!!!! ela parece bem legal, foi um pouquinho esquisito ter uma consulta em que ela ATIVAMENTE ficava em silêncio me esperando falar mais, mas acho que isso vai mudar um pouco com o tempo. ela foi um amor inclusive me perguntando como eu preferia ser tratado por ter me identificado como uma pessoa não binária e, assim, isso já ganhou todos os pontos possíveis comigo, sério. eu na real nem esperava nada da parte dela, foi um cuidado sensacional. 
    sei que é meio bizarro achar incrível ela fazer *o mínimo*, mas depois de o sérgio cagar pra essa questão, não levando em consideração sequer quanto pontuei pra ele que eu preferia linguagem neutra (fui soft), eu acabei apenas abstraindo esse fato das nossas consultas e ter alguém que olhe pra isso já me parece uau incrível porque, bem, eu não tinha o mínimo 🤡

  3. o greg tá meio bolado com a nossa amizade e tá me dando um gelo. há umas semanas saí com ele e uns amigos pra comemorar o aniversário e tal, pra mim foi muito bom porque eu tava com muita vontade de conhecer mais pessoas parecidas e tal e realmente foi uma tarde super gostosa... daí ele me vem perguntando "o que eu sinto sobre a nossa relação, é só uma amizade ou tem algo mais?" 
    assim........ amado?? já tivemos essa conversa e você me disse na época que não conseguia gostar de mim com a intensidade que eu julgava necessária pra começar algo romântico então, sim, 100% amizade. dei essa resposta pra ele e no fim não recebi uma elaboração de volta, só um "tô  esquisito com isso" e cabô. 
    sei lá, que seja. vou seguir o curso e esperar pra ver se ele ressurge, até porque não é como se eu tivesse com pouca coisa pra fazer, né? rindo de nervoso k k

  4. fui numa balada de novo depois de 84 anos (obg pandemia por tirar minha juventude de mim) e, uau foi incrível. primeiro porque fui com uma amiga muito querida e que dança na mesma frequência que eu, que é: o tempo todo e se mexendo muito haha; segundo porque eu usei uma blusa que esperei ANOS pra usar, comprei no canadá e fiquei esperando fazer a cirurgia pra vestir de novo, maravilhosa.
    ficamos planejando essa balada há quase um mês e desde o início eu pensei em usar a tal blusa (uma manga curta de tule furta-cor), mas me bateu um pouco de medo de usar e sofrer com possível transfobia, mas no fim deu tudo certo, me senti super confortável, dancei horrores, usei minha blusa mostrando a minha cicatriz linda e, foi realmente incrível. dá vontade de comprar um monte de blusa só pra isso hahah.
    único defeito da noite foi não ter tirado foto, o que acontece bastante já que sou uma pessoa idosa que valoriza tanto os momentos que acaba esquecendo que tecnologia tá aí pra isso.

  5. no dia da balada, tava conversando com a Lui (minha amiga da balada) e aí falamos de relacionamentos, monogamia, etc e me lembrei de uma fala dela de muito tempo atrás sobre "a gente buscar parceiros românticos que lembrem os nossos pais" (que sim, tavamos levantando aquelas falas freudianas tão batidas) e naquela hora eu falei "amiga, nadavê" só que aí recentemente me veio umas coisas na cabeça:
    - algumas das coisas que eu procuro em parceires é o cuidado acima da média e gosto leve por controlar e fazer a vez de ser o cérebro do relacionamento e, sabe que isso é bem a vibe da minha mãe mesmo? k k quem diria
    - apesar de ter essas preferências acabou que eu nunca tive um relacionamento em que gostasse mesmo da outra pessoa e/ou tivesse esses quereres respondidos, por isso acabei nunca ligando uma coisa com a outra, mas pois é... tá aí.

  6. outra coisa que acabou surgindo na minha cabeça faz um tempo é uma curiosidade sobre dinâmicas DomxSub, porque a vida me trouxe tantas histórias que traziam isso no enredo que não dava pra ignorar se eu quisesse ler as coisas. 
    uma coisa que acho engraçado em mim é a inclinação de ponderar sobre coisas que em linhas gerais eu tenho um afastamento total, mas tentar ver se algo pode servir pra mim ou não, em especial sobre questões comportamentais/sexuais. 
    já faz mais de ano que eu acompanho uma pessoa nb no instagram pra quem a pressão do bonding é algo que traz conforto e uma relação de estar no mundo que ressoou muito comigo:

    "Pressure is a relational response — an impression (a track) as well as a simultaneous release.
    This is Relational Mapping at heart with distinctive signatures of kinship.
    Saying… “I am here because you are here.”
    “I am because you.”
    “I you”
    “Ayllu“ - kinship ties in Quechua" 
    isso foi uma coisa que me impressionou bastante, porque na hora que eu li sobre essa pessoa, não conseguia transportar isso pra um cenário possível na minha vida, mas ao mesmo tempo sentia que naquela experiência tinha uma verdade minha que eu ainda não conseguia enxergar. hoje eu começo a achar que posso estar começando a enxergar algumas coisas. 

    hoje faz mais de um ano desde que comecei a acompanhar essa pessoa, como falei foram aparecendo algumas histórias que envolviam relações de DxS e fui parar pra considerar as coisas com mais calma. 
    sendo 100% honesto, sempre me pareceu completamente assustador se colocar a disposição de um relacionamento a primeira vista violento e desigual, mas acabei entendendo que na verdade muito disso tem a ver com preferências, sadismo e não dominação e má representação na mídia. 
    comecei a olhar pras coisas que eu queria e, no fim, um posicionamento submisso é sim algo que faz sentido pra mim. eu gosto de controle, rigor e premiação, só nunca encarei as coisas nesse enquadramento de palavras. o que não gosto é de dor e humilhação, mas até aí pra cada um o seu, né? tudo se conversa.
    não acho que isso vá mudar nada na minha vida amorosa, já que minha libido é praticamente inexistente, mas foi um ponto importante de autoconhecimento.

    para além dessa questão, o lance da pressão foi alvo de umas boas horas de foco nas últimas semanas. faz um tempo li que pra pessoas autistas a pressão pode ser útil pra focar, auto-regular e se acalmar. não que seja o meu caso, mas a ideia de aplicar pressão trazer conforto fez muito sentido pra mim, porque o que imagino pra parar com crises é "me envolver num abraço/colo" e esse pensamento vem junto de uma sensação de aperto no tronco e braços que me acalma.
    então sei lá, parece fazer sentido que talvez o apertar seja uma coisa que pode me fazer bem. a partir disso, comecei a procurar por shibari, que é a arte japonesa de amarração e fiquei horas... horasssss pesquisando sobre, até quase comprei um curso online hahah.
    também não acredito que seja o momento pra ver isso com profundidade, até porque minha lista de objetivos esse ano tá enorme, mas foi algo inusitado na minha vida, considerar todas essas coisas. 

  7. mais uma vez, sinto que estou voltando à fase de precisar de precisar de um crush artista. isso aconteceu algumas vezes desde a minha adolescência, acho que é uma forma de direcionar um pouco da minha atenção e tensão romântica pra alguém que está convenientemente longe e inalcançável pra eu poder pensar menos em ações concretas de encontrar pessoas perto. 
    nesse mês, acho que também por conta do encontro com a Nathi ter sido algo que me reconectou com muitas coisas do passado, estou numa fase de retomada de jpop/jrock e com isso um pouco de busca pelo crush artista da vez (eu quase coloquei foto dele ou dele como capa do post, alguém precisa parar os artistas tatuados no japão, por favor). por enquanto nada passa de horas pesquisando e depois nem lembrando o nome, mas é um comportamento que me faz prestar atenção na possível zona de conforto que eu quero entrar, pra não fazer o esforço de conhecer gente de verdade. 
    enfim, é bom fazer terapia pra saber diagnosticar, só preciso do próximo passo que é tratar as coisas hahah

Tem mais coisa, mas já tô caindo de sono e amanhã a vida proletária continua, então fica por aqui.

Sempre bom voltar, tô em casa.

P.s.: FIZ UM ANO DE CIRURGIA NO DOMINGO E NEM ME TOQUEIIIII!!! Ou seja: tive o momento super feliz e gostoso de me sentir incrível na balada na virada do dia pro aniversário da cirurgia, ó que simbólico ❤️

20/12/2022

Tô fechado pra balanço, meu saldo deve ser bom


 Eu nem sabia que tinha uma música cantada pela Elis Regina com esse nome, feliz de descobrir e de casar bem com o tema do post haha.

Bem, fim de ano chegou, minhas férias começaram hoje e, desde que terminei o tcc, sinto que algumas coisas foram aparecendo e ficando na minha cabeça.
Em setembro de 2018 voltei do Canadá. Fiquei de molho até fevereiro de 2019, quando comecei faculdade e meu primeiro (e único) estágio, depois tivemos 2 anos sequestrados pela covid e agora, em 2022, ainda que sem fim de pandemia, as coisas aos poucos vão tomando novas cores.
Tive um emprego, mudei desse emprego, conheci gente nova, aprendi muito, me engajei (ainda que por hora apenas conceitualmente) politicamente, revi gente querida, fiz minha cirurgia... Foi tanta coisa e sinto que não mudei, só me tornei muito mais eu do que eu sabia ser. 
Por isso, nesse finzinho de dezembro, que anuncia o meio-fim dos meus vinte e quatro anos, parece que tem uma luz piscando aqui dentro me avisando que é uma boa hora pra parar e olhar pra tudo com atenção e cuidado.

Cuidado e conforto foram palavras que descobri nortearem grande parte das minhas necessidades pra viver. Falei tantas vezes essas duas ao longo desse ano que não tenho nem como contar e isso é um ótimo sinal de como estou consciente da importância delas. 
Para além das duas, também percebi qual era a última da tríade que faltava. Na verdade, não sei bem se cabe numa palavra, mas pode ser descrito com algumas expressões: "encher o peito de algodão" "respirar e sentir vida entrando" "ver e sentir o topo da cabeça expandir". 
Acho que isso é o mais próximo de sinestesia que consigo chegar. Só de ler essas palavras, me transporto pra alguns momentos, reais e imaginários, que fazem com que façam sentido. Curiosamente, acho que "Faiscante" tem tudo a ver com elas também. 

Cuidado.
Conforto.
Faiscante. (faiscar? fagulhar?)

É bom saber o que a gente precisa pra poder ir buscar. Durante esse ano, na medida do possível tentei me proporcionar conforto, agora mais pro final me permiti iniciar processos de cuidado e, pra 2023, quero ativamente me esforçar pra ter mais momentos que me encham de vida e ultrapassem o sobreviver.

Olhando pra trás, não me lembro de ter chegado tão perto de finalizar uma wishlist do que esse ano. Claro, em grande parte são desejos materiais, mas ainda assim são coisas que eu queria e, em especial nesse ano várias delas se relacionam com ações de cuidado e realização, muito mais do que um simples querer motivado por estética.

Nesse ano também fiz uma brevíssima lista de desejos para 2022 aqui no blog e eu praticamente COMPLETEI ela! Ou uns 70% dela, o que já tá bom demais pra esse período regido pelo caos ahaha.

A maioria dos tópicos era sobre mandar mensagem pra amigos meus, ficando faltando só retomar contato com a Giully, Hikaru e Sebastian. Outros vários eram sobre a cirurgia e por fim tinha os desejos bem específicos mesmo, desde colocar aparelho até fazer cosméticos em casa de novo.

O que ficou faltando em 2022 e que pretendo repassar pra desejos de 2023 é o seguinte: 
  1. retomar contato com a Hikaru
  2. retomar contato com a Giully
  3. planilhar o consumo de casa e encontrar alternativas ecologicas
  4. colocar aparelho
  5. retomar a produção de cosméticos em casa
  6. Fazer novas tatuagens
Além deles, vou adicionar mais algumas coisinhas, inclusive acho que vou colocar isso lá na wishlist numa nova sessão de "life goals" ou algo assim, pra separar entre compras e ações e ter mais visibilidade pra me instigar a seguir firme e forte.

Sei lá, talvez eu esteja superestimando 2023. Como meu primeiro ano com mais tempo livre, tô jogando tudo que gostaria de ter feito antes pra ele e, bom, sei que minha tendência é entuchar os dias de coisa pra "agilizar" e depois acabo me lascando haha. 
Vou tentar ir com calma e planejar um pouquinho mais os tempos de cada coisa, até pra ver o que vai ter que ficar de fora ou sem previsão, pra não transformar as realizações em pressão.

Em geral tô bem feliz e confiante, o que já é bem bom considerando o estado de cansaço e desânimo que eu vinha apresentando nesse último semestre.

Só pra ficar registrado, já que fiquei meio frustrado de não ter histórico, vou deixar aqui minha wishlist 2022 praticamente completinha, por ordem cronológica:

    ✅ Headphones confortáveis
    ✅ Cirurgia 05/02/22 ♥
    ✅ Livros novos (tem livro pra uns 3 anos k k)
    ✅ Retomar contato com pessoas que importam
    ✅ Passagens pra Portugal
    ✅ Roupas novas
    ✅ Casacão Sobretudo
    ✅ Lota, escova seca e raspador de língua (Holistix eu te amo)
    ✅ Protetor solar mineral
    ✅ Óleos essenciais (no limbo da shopee 🥲)
    ✅ Batedeira (meu primeiro eletrodomésticooo)
    ✅ Bota Chelsea 
    ❌ Camisetas de gola alta
    ❌ Novas tatuagens
    ❌ Ecobag Estilosa (se tudo der certo, descolo essa ainda esse ano)
    ❌ Processador de alimentos

É cara, esse foi o primeiro ano em que me permiti comprar coisas e usar o meu dinheiro a curto prazo. Ao todo deve ter sido uns 7k, fora cirurgia. E assim, que ótimo. Estou aprendendo a priorizar o meu agora e me dar conforto sempre que me for possível. 

Muito doido (e doído) como me privei de acolhimento por tanto tempo e agora preciso entender como é que se vive podendo se cuidar e até onde ir, quanto segurar a onda, quanto soltar a corda. Complexo haha.

Enfim, saldo positivo.