mas agora depois de escutar musicas e sentir todas elas, agora tá tocando If I Believe You - The 1975 e eu simplesmente não sei lidar com essa música sem derramar umas lagriminhas.
sei lá, talvez o ócio seja realmente o que me faz ter crises e me afundar nas questões todas que me fazem eu mesmo, mas sabe, hoje não foi um dia ocioso, fiz tanta coisa e ainda assim só de ficar em casa e ponderar por poucos minutos sobre a minha vida já me dá vontade de cortar a garganta metaforicamente pra que tudo que tenho guardado em mim nesses dias todos jorre e me faça sentir pleno. não uma plenitude utopica, de conquista, mas uma paz de quem se despiu dos espinhos mesmo que momentaneamente.
quero deixar tudo sair.
isso é algo recorrente desde que comecei a ver o Sergio. Sergio é meu novo psicologo. chorei pela primeira vez em uma de suas consultas na semana passada. foi surpreendente, pra dizer o minimo.
não choro numa sessão de terapia há pelo menos 3 anos e certamente posso contar nos dedos de uma mão quantas vezes isso já aconteceu.
só de relembrar já me deixa com vontade de chorar outra vez. desde o início soube que ele faria com que eu descobrisse coisas que estavam em mim todo o tempo, mas não achei que reverberariam tanto.
depois de uma conversa que nada teve a ver a primeira vista sobre meus avós e familiares em geral, chegamos num ponto extremamente sensível que é minha relação com todos.
cresci ouvindo de todos e principalmente do meu avô que eu era a alegria e luz da familia. sempre fui envolvida num meio amoroso e muito muito encorajador, mas nunca percebi como isso me pesava.
até agora é difícil admitir e é com um rosto muito molhado que digito tudo isso, porque preciso fazer dessa verdade algo fisico, mesmo que por meio de caracteres impessoais.
é muito duro pra mim ter consciência de que com as melhores intenções do mundo minha família me colocou um mundo nas costas e eu feito Atlas segui meus dias sem nunca compreender realmente porque mostrar minhas fraquezas era tão assustador. Porque dar sinais de que o peso do mundo era algo penoso de se levar consigo parecia tão errado.
agora faz muito mais sentido porque me marcou tanto quanto ele disse "rejeição não significa desamor". agora finalmente compreendo como essa é uma das chaves das minhas correntes de alegria da familia. compreender que a possível (e nem um pouco obrigatória) rejeição das minhas características negativas por parte daqueles que amo não é sinal de decepção ou decréscimo de amor é uma glória.
ainda me dói admitir que o motivo pelo qual mesmo chorando sorrio pra mascarar minimamente as feridas é por ter sido carregada de expectativas que em nada me pertenciam genuinamente e nem menos me diziam respeito, de fato. as vezes é duro saber qual o cerne dos nossos buracos, mas é preciso chegar lá pra estancar o sangramento e costurar direitinho pra que as bordas deixem de se alargar.
as vezes é duro. mas passa.
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