13/07/2021

as coisas acontecem e eu quero chorar

Cara, sabe qual foi a última vez desde que eu quase tive uma crise de choro no meio de uma conversa?

Não consigo me lembrar, exceto 1h atrás, enquanto eu tentava explicar a minha mãe porque hoje não era um dia em que eu conseguiria olhar prum hambúrguer de carne bovina dentro dessa casa e não odiar existir num mundo com sofrimento animal (racional e irracional).

Para fazer uma citação de mim mesmo, é extremamente difícil viver num mundo com tantas coisas horrorosas acontecendo e não ser capaz de ter um impacto e ainda assim saber que essa coisas acontecem e acontecem e acontecem, todos os dias, muitas delas a cada segundo.

Eu sou totalmente a favor do micro ativismo e do bom senso de adotar práticas voltadas a um viver mais sustentável e minimamente decente, sei que isso importa. Mas cada vez mais tem sido difícil olhar pro micro cosmos e não sentir que é insuficiente.

Tenho escutado o podcast Prato Cheio, do jornal O Joio e o Trigo e, puta merda, como isso tem me feito bem. Quer dizer, muito mal em saber das barbáries que acontecem debaixo dos nossos narizes, e muito bem por me colocar de frente com coisas que importam e precisam ser vistas, ainda que gerando desconforto e angústia. É pra ser assim mesmo, com qualquer um que se prese como um ser humano com sentimentos.
Bem, o que quero falar sobre esse podcast é que hoje escutei talvez uma das coisas mais duras e repugnantes que sempre me protegi muito da mídia ativista veganista (?). Neste episódio, os jornalistas falam sobre uma doença que acomete trabalhadores de frigoríficos devido a condições insalubres e muitos MUITOS outros absurdos que acontecem durante a jornada dessas pessoas.
Eis que surge uma informação péssima, cruel, ai sequer tenho palavras suficientes pra descrever, sobre o modo como procedimentos inumanos são realizados com os bois ainda vivos no processo de produção das coisas dentro do frigorífico e, bem, eu sempre fugi dessas coisas por um motivo. Não sei lidar com isso.

Deve fazer mais ou menos umas 3h desde que terminei esse episódio e esse fato continua circulando na minha cabeça, me fazendo querer cair em lágrimas e largar tudo porque essa sociedade é um nojo. 

Sabe, quando projetavam na Paulista cenas de pintinhos virando sei lá o que naquelas grandes máquinas, ou vacas amontoadas pra dar leite, sequer consigo olhar pra um açougue por mais de 2 segundos. Bem, sensibilidade também pode ser uma merda.

Esse é um dos dramas da minha noite, também da minha vida como um todo, só que hoje tá bem potencializado.

Só queria conseguir fazer tudo que sinto que preciso.
Nem digo isso pensando em tarefas demandadas, mas pontos que aqui dentro fazem sentido e sinto que são necessários, mas que nem assim consigo por em prática.

Conversando com a minha mãe e também com uma amiga da faculdade, retomei a minha necessidade de compartilhar conhecimentos.
Falei disso aqui na semana passada. Pra mim, absorver novas informações é imprescindível pra existir e sentir que faz sentido, fazer minha parte também, mas colocar o que aprendo no mundo é um negócio que importa. 

Antes de parar com o instagram (o "oficial") não tinha me dado conta disso. 

Mesmo antes de toda essa parada de rede social, fosse com o blog ou até neopets, sempre dei um jeitinho de compartilhar coisas que me pareciam importar.
A princípio o que era puramente visual e/ou útil pra alguém, já com o costume antigo de servir e não de ser, acho que falar sobre pautas que ressoavam por dentro era muito subversivo hahah.

Só depois de muita terapia (bem feita) que comecei a colocar pra fora algumas verdades e lutas, a ponto de perder a mão em vários momentos em conversas ao vivo (k k, desculpa aí família, mas vocês tinham que entender sobre cotas, nem que fosse engolindo meus argumentos).

Com as redes tudo ficou mais fácil, sempre tive muita sorte de ficar em meio a pessoas que compartilhavam em larga medida do que eu acreditava e defendia, então o compartilhar era fácil, quase automático.

Comigo tem isso, não preciso de resposta, só preciso tirar de dentro. 
É engraçado como é o oposto da maioria das minhas reações com qualquer relação com outras pessoas, em que o foco é entender o que se espera pra que eu performe e ganhe a aprovação. 
Será isso o chamado propósito? O que se sustenta por si só e ponto. Hm.

Bem, não sei onde chegar com isso.

Tô me sentindo um pouco melhor e preciso ir logo preparar tudo pra dormir porque amanhã tem mais um dia de trabalho e ansiedade e estresse e fugir das angústias de querer jogar tudo pro alto.

Bora produzir, mas primeiro, fingir que dá pra fugir disso.
Boa noite.

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