Sintomas de reclusão e falta de vergonha na cara

 

Bom, é tanta coisa que fica até meio ridículo tentar elencar por onde começo.

Minha mãe está com gastrite moderada e foi internada por quase uma semana por conta disso e a principal causa é a ansiedade que tá num nível em que ela vai ter que começar a tomar remédio porque tá tendo crises semanais.

Eu desde o início de 2021 não consegui chegar nem perto de concluir minha única meta do ano que é: retomar o contato com as pessoas que me importam e manter o que já existe com quem eu consigo conversar desde 2020. 
Muito pelo contrário, não tenho conseguido sequer responder as pessoas por whatsapp, quem dirá retomar alguma rede social e amigos que eu já deixei na inércia há mais de ano.

O novo semestre da faculdade começa em menos de um mês e, nesse meio tempo, tenho 18 cursos "livres" pra fazer pagos pelo meu trabalho e que, caso não sejam concluídos, vão me render uma comida de rabo. 

Além disso, um ponto super positivo, mas que também não tem me servido muito é que finalmente temos novos estagiários. Dois deles estão se reportando a mim, uma de criação e design e um de CRM, que é tudo que sempre quis, se não fosse a minha falta de tempo pra demandar coisas deles e produzir o que apenas eu tenho competência pra fazer no tempo hábil que todos esperam. 

São tantas coisas transbordando, mas a vontade de trabalhar não é uma delas hahah.
Mas né, vida que segue e salário que cai na conta, então preciso dar um jeito de arrumar estamina pra conseguir me organizar e ser uma engrenagem melhor, até porque meu objetivo é conseguir outra promoção ano que vem. 
Odeio como tanta coisa na minha existência atual é 100% pautada em produtividade capitalista. Que merda.

Por fim, para então partir dessas bad vibes e comentar sobre pontos positivos: sonhei que tinham me sequestrado e foi bizarramente detalhado. Foi um sonho super comprido e até depois de ter acordado diversas vezes eu acabava voltando pra ele e a cada nova rodada de tentar racionalmente sair da situação, era como se uma corda no pescoço ficasse mais e mais apertada. A cada tentativa de resgate ou envio de pedido de socorro as coisas iam dando errado e o looping continuando e desespero aumentando.
Realmente, o emprego da palavra "bizarro" tá muito bem feito haha. 
Depois de comentar isso com a minha mãe ela achou válido escrever o sonho pra depois levar pro Sérgio avaliar. Quem disse que arranjei tempo pra fazer isso ontem? Pois é, mas vamos ver se amanhã eu arranjo forças nesse feriado abençoado dos paulistanos.

Agora, dentre as coisas boas, porque elas também aconteceram e preciso falar delas pra não me afundar ainda mais:

Tô quase terminando de ler meus livros comprados no começo do ano (eu acho que foi nesse período). De todos, realmente os que valeram a pena realmente foram os de não ficção, mas valeu a tentativa ir atrás de YAs com personagens principais trans. 
Tenho consciência de que ter escolhido esses livros que não tinham autores trans fez uma bela diferença em como o enredo foi conduzido, mas era o que cabia no meu bolso, então não vou reclamar disso.

Ganhei um dinheirinho de brinde por responder a uma pesquisa de UX no Hubspot (cara, como eu amo essa empresa, puta merda) e com isso consegui comprar 6, seis, S E I S livros divinos na Editora Elefante, o que só de pensar já me deixa 20% mais feliz de viver.

Nesses últimos 2 meses tenho tentado me fortalecer pra conseguir retomar as redes sociais e contato com as pessoas através da retomada dos meus hábitos e interesses em estudar e compartilhar informações sobre sustentabilidade e justiça social.
Isso até que tem dado certo no quesito voltar a me inteirar a respeito dessas pautas com mais afinco, já que depois dos absurdos do início da pandemia e do que fizeram com a Amazônia (isto é, vem fazendo, né) e com o todoo desmonte do movimento BLM eu acabei entrando em parafuso e me fechando quase que totalmente pra qualquer assunto que realmente me tocasse. 
Agora, o plano é conseguir fazer todo esse conhecimento chegar num ápice de necessidade de compartilhar e retomar a minha pequena bolha de contatos que não só concorda com o que eu falo (ou pelo menos não debate contra), mas também consome em alguma medida as coisas que publico.

Lembrei que quando comentei disso com o Sérgio ele ficou super animado e me perguntando porque eu não unia isso ao trabalho. Ha ha ha, meu querido, como se virar influencer de ativismos ecossociais fosse algo super fácil. Ou conseguir uma vaga numa empresa/ong séria e que me pague o que preciso pra conseguir me mudar pro Canadá.
Ai ai, chega a ser engraçado mesmo como ele achou essa uma possibilidade super palpável.
Acho que foi a primeira vez em que senti que o dinheiro acumulado dele fez com que sua inteligência e perspicácia deixasse a desejar, dando a ele uma ótica cor de rosa do mundo. Todo mundo falha, né?

Além desses muito bem vindos novos livros, também viajei a trabalho pra conseguir os suados valores extra no cartão corporativo pra poder gastar com o que bem entendesse. 
Depois de uma semana de muito estresse, frio desgraçado e até que conversas ótimas sobre não binariedade com pessoas do meu time: consegui comprar 2 calças e uns joguinhos na steam.
Puro mimo mesmo, a gente precisa nessa bola de neve de ansiedade.

Fiz três novas tatuagens (meio que duas, porque uma delas se divide) e é quase confirmado que até o fim de agosto faça mais três, o que me alegra imensamente e também é um mimo que me deixa mais confortável nesse corpo que demanda ajustes.

Por fim, mas nem um tiquinho menos importante: marquei minha primeira consulta com o cirurgião plástico para janeiro  A A AA A AA ❤!!!

Passei a tarde de ontem trocando mensagens com o Doug, recepcionista da clínica e homem trans que foi operado pelo dr. pelo SUS (quando a coisa já tá boa... ela consegue melhorar ✨). 
E aí fui perguntando como eram os procedimentos, média de custo, tempo entre consulta e cirurgia etc etc. 

Bem, minha consulta tá marcada pra 12/01 às 8h da manhã.

Um super acontecimento maravilhoso da viagem pra Cascavel foi eu conversar com a Dani, minha colega de equipe aqui de SP, sobre a cirurgia e a minha não binariedade.
A Dani é uma pessoa suuuuper diferente de mim e nunca conviveu com uma pessoa trans antes, então ainda ficou um pouco complicado pra ela entender como toda essa parada dos binários funciona, mas ela foi ótima.
O ponto chave é: falando sobre precisar de alguém pra cuidar de mim no pós e a inexistência de alguém assim na minha família::::::: ela se ofereceu pra ficar comigo na casa dela!!!!1!!!

A ideia é que a gente já esteja com a vacina certinha, o que significa: no mínimo dezembro.
Como a Dani tem uma viagem marcada pra janeiro, pensei em colocar como "data ideal" o início de março pra cirurgia, porque aí dá tempo de tudo ocorrer com calma.

Vou na primeira consulta no meio de janeiro, faço os exames ao longo do mês e fevereiro e marcamos a cirurgia entre fim de fevereiro e início de março, preu tirar 15 dias de férias e ela ficar de home cuidando de mim no período.

Finalmente conseguir ter uma segurança e poder marcar a consulta é um avanço enorme e me dá uma paz de espírito imensa. 
Já foi tão furstrante me arrastar por todos esses meses sonhando que a essa altura de 2021 eu já estaria de operação feita... Mas enfim as coisas caminham.

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Não vou me iludir e dizer que está tudo bem, porque claramente minhas ações não condizem com as de uma pessoa saudável. 
O bom é que também não tá horrível e muito menos irremediável. Como o nome desse post diz, o que tá acontecendo na minha vida são sintomas de um problema e não uma condição imutável, então é preciso perseverar nessas intempéries e sair dessa lama.

Bora lá, primeiro post do ano desde a retrospectiva. Seguimos.