O que é a vida senão uma grande piada que espera o tempo perfeito pra acontecer, não é mesmo? Hahahah
Rindo porque já surtei demais, ou porque estou surtando, eu sei lá.
Em uma sequência impressionante de 4 dias não completos, em que me senti com coragem o suficiente pra postar novamente, abordar o tema do meu novo relacionamento (agora velho? findado?), tanta coisa aconteceu que estou considerando a possibilidade até que bem concreta de que talvez tudo esteja só desmoronando de um jeito bem bizarro e caótico.
Juro, eu sinto que "caótico" tem sido a palavra perfeita pra descrever a minha vida nos últimos 2 meses. Queria estar brincando.
Bem, pelo menos eu voltei a escrever, então posso me apossar desse espaço pra vomitar todo desespero e ansiedade que tem me perturbado mais do que de costume nestas últimas 48h.
Semana passada eu tava de tpm. Tudo começou aí?? Mais ou menos, mas enfim. Na sexta-feira minha mãe levantou o tópico de eu estar namorando a Mara, assim, DO NADA. E com pouco tempo pra gente aprofundar a conversa, pois ela falou disso enquanto estava *atrasada* pra fisioterapia e eu estava completamente atolade de trabalho. O melhor momento, claramente.
Daí, ela foi embora pra fisio e eu desatei a ter uma crise de choro e desespero porque eu ainda tenho muito medo de ser rejeitade, ou de ter algo que amo rejeitado pela minha mãe. E por isso eu não tinha contado pra ela sobre a Mara, mas é claro que ela já sabia. Eu sabia que ela sabia, mas nossa puta hora de trazer a informação.
Ok, essa dor foi superada, chorei bastante, o tempo passou e minha mãe não tocou mais no assunto.
Sábado desceu minha menstruação. 🤡
Daí entendi que grande parte da crise foi só a merda dos hormônios tirando uma com a minha cara, como já é praxe.
Sábado foi bem legal, fui com a minha mãe visitar o apartamento, decidi com o aval (e leve pressão positiva) da minha mãe que eu iria morar lá e já ia mandar mensagem pro corretor etc etc. Tudo isso enquanto eu animadamente falava com a Mara e obviamente já imaginando cada detalhe da minha nova vida no apê considerando a visita dela no ano que vem, nosso 1 mês juntes - o tão sonhado e esperado.
Domingo quase morri de tanta cólica, foi um dia difícil dos dois lados. Eu fisicamente incapacitade e ela num momento de desassociação e sobrecarga emocional não definida. Bem, passou e deu tudo certo. Ou era pra ter dado, k k.
Segunda minha avó tava passando mal, vomitando horrores, e aí meu tio e avô foram com ela pro hospital no meio-fim da noite. Eis que nada aparece nos exames dela e sim no do meu vô, que aproveitou também pra fazer checkup e aí descobriu que tava com níveis de sódio muito baixos.
Com isso, meu avô teve que ficar internado e aí que tudo começou a vir abaixo.
Uma situação similar aconteceu há um tempo atrás, segundo meu tio há 2 anos. Naquele período meu avô ficou 5 dias internado e não lembro exatamente como aconteceu, mas acho que nos revezamos entre eu, minha mãe e meu tio pra ficar com a minha vó enquanto meu avô estava internado.
Dessa vez eu sabia o que ia acontecer. Terça de manhã já me organizei com a minha mãe pra que eu ficasse na casa dos meus avós fazendo companhia e ficando de olho na minha vó, enquanto minha mãe seguiria com a rotina dela, pois ainda está fazendo fisio+acupuntura (ela rompeu os ligamentos do pé faz 4 meses, longa história) e meu tio cobria pelo menos parte das visitas ao meu avô no hospital.
Acontece que dessa vez algumas variáveis não contabilizadas entraram em jogo.
Primeiro, tinha o fato de eu estar, como mencionei, com meus hormônios tirando uma com a minha cara. Segundo que terça já estava confirmado que seria um dia infernal no trabalho. Terceiro que era um dia cheio de consultas na clínica de cuidados de gênero pra Mara E ela tinha um encontro (PLATÔNICO, até onde eu sei) com um carinha nb que ela conheceu no bumble.
Tá bem, terça foi realmente infernal no trabalho, Mara teve um dia lotado de coisa e tinha sido ótimo com o tal carinha, e eu estava uma pilha de nervos, o que me fez mandar um áudio (ai ai, pra que) falando sobre como eu sentia sim um ciúmes do fato de ela estar conhecendo pessoas e ativamente buscando gente que podia fazer o que eu não posso, estando longe e que isso me deixa apreensive sobre a possibilidade de qualquer pessoa ser *A Pessoa* que ela vai querer mais do que eu e como isso vai mudar a relação, etc.
Uma ótima ideia, né? Eu sei.
E na real, até que foi uma boa ideia mesmo. Apesar da sensação de viver tudo isso esteja sendo desprezível, tudo que tá rolando é importante e era só uma questão de tempo até estourar. Só foi num momento mais merda do que o normal haha.
Elaborando um pouco mais sobre o que aconteceu depois do meu áudio: ela me respondeu da maneira mais inesperada possível, falando como se o problema maior relatado fosse o ciúmes e que era algo que a gente super podia trabalhar juntes, que ela também sentiria ciúmes quando algo similar acontecesse comigo, blá blá.
Um papo, assim, como se estivessemos numa relação não-monogâmica, basicamente. Sendo que...lembra? Eu já tinha explicado pra ela que pra mim era vai ou racha, no momento que ela decidisse investir em algo romântico/sexual com outro alguém era pra me avisar porque o "nós" romântico acabaria no mesmo momento.
E quando expliquei de novo tudo isso pra ela foi como uma surpresa e ela pirou o cabeção.
É. 🤡
Tínhamos planejado uma ligação pras 7h da manhã hoje, pro que eu acordei ÀS SEIS, e literalmente quando acordei ela tinha acabado de descobrir que tinha sessão de terapia na hora da nossa ligação, então tivemos que cancelar e aí foi de mal a pior. Como se já não tivesse ruim hahahah.
Bom, eis que ela volta super desregulada da terapia, me avisou que tava bem mal, etc e que ia precisar desse tempo, etc. Eu queria muito ter dado esse espaço pra ela sem me corroer de ansiedade, queria mesmo. Mas não rolou. Quer dizer, até onde ela sabe o espaço foi dado, inclusive com muitas afirmações de carinho, reconforto e cuidado. Só que do lado de cá eu tava me sentindo um lixo, sem condições de cuidar da minha vó, sem trabalhar, sem nada.
No meio da tarde ela me manda um áudio de 18min explicando como o dia tinha sido difícil, como as consultas de ontem tiveram um impacto grandão na disforia dela (e real, muito triste) e claro que o meu audio e explicação (que ela não absorveu da primeira vez, que fique claro) sobre como existia um limite meu muito claro entre eu/outras relações que ela não sabia e precisava de mais contexto, porque era algo que a deixou muito confusa e se sentindo mal por não conseguir me dar o retorno de que "claro, vamos fazer do seu jeito".
Sinceramente, eu já tava tão mais pra lá do que pra cá que nem me afetou muito. Fiquei genuinamente com pena dela, fui uma pessoa compreensiva pra caralho, tá bem? Ontem foi um dia muito carregado pra ela, eu sabia disso. E do meu lado tá tudo carregado também, então foi um momento merda pra trazer a pauta, mas o gato tá fora do saco, a gente que se vire, foda-se.
E daí eu respondi em dois áudios enormes reconfortando ela sobre as questões extra-relacionamento, e também da nossa situação, como eu imaginava que devia fazer sentido inconscientemente pra ela querer vivenciar tudo com todas as pessoas possíveis que pudessem se apaixonar pela versão "real" dela, que eu sabia que isso também poderia pertencer a transição e experiência trans em geral, fui mó legal.
Expliquei os pormenores do meu limite, que não era pra limitá-la de fazer amigos, conhecer gente, nem nada disso, só que a partir do momento que fizesse sentido pra ela avançar uma casa no relacionamento com alguém, seja um beijo, seja um afeto trocado com intenção, aí a gente ia ter que conversar.
Sabe, o básico? Fiz o melhor que pude, fiz do "o óbvio deve ser dito" meu mantra e tentei deixar o audio o mais leve possível.
Ainda mandei o segundo áudio só focando nas outras questões que ela relatou, que eram muito foda e, poxa, a menina precisava de um colo. E eu dei. E foi isso. Silêncio.
Até mandei boa noite, porque fiz questão de manter o ritual e ver se existia uma mísera chance de receber um colo pra mim.
Mas daí foi nada mesmo.
E cá estamos. Minha avó dormiu praticamente o dia todo, e por último acordou com a ideia fixa de ir visitar o meu avô. A ideia dela era péssima, porque tava super em cima da hora pro Marcelo ir visitar rapidinho só pra levar o que meu avô precisava, mas não deu outra, eles foram juntos.
Nem sei se chegaram a tempo. Talvez tenham aberto uma exceção pra permitir o casal de velhinhos ter um momento de cuidado.
Acho que foi a melhor coisa que aconteceu hoje hahaha. Finalmente um tempo só, pra existir, pra sentir todo esse mar de desgosto e angústia e raiva e... de foda-se, agora.
"Sei lá, tô deixando rolar." Não foi o que eu disse antes? Pois está rolando.
P.s: minha nossa como Clarice Falcão consegue sempre ter as melhores músicas pra ressoar o meu coração todinho? Deus abençoe essa mulher grandemente. Caralho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário