09/11/2024

Nossa, será que eu tô com medo?

 


Como de costume, tenho falado bastante e pra várias pessoas sobre como eu sinto falta de escrever, como me faz bem, que é importante, que eu gosto, o de sempre. E, também como sempre, nada era feito a respeito. 

Mas cá estamos, antes tarde que mais tarde. Antes desse ano maluco acabar. Antes de eu só engolir mais uma vez o bolo de coisa que tô sentindo preso na garganta e seguir com o dia. 

Dessa vez é esquisito escrever, porque sinto um desconforto físico como se isso aqui fosse fora da lei, como se colocar o que eu to sentindo pra fora transgredisse um limite que me coloque em perigo. Talvez seja mesmo. Espero que meu inconsciente me deixando com dor de estômago ao escrever tome no cu e fique em perigo mesmo, pra aprender a me deixar elaborar as coisas pra elas irem embora. Que inferno.

Acho que parte do que me deixa com receio de escrever é que me sinto mal de querer falar que apesar de todas as coisas positivas e felizes e legais que rolaram em 2024 eu me sinto mal. Não sempre, não com tudo, mas me sinto com tanta ansiedade e tendo vivido muito do ano em um estado de alerta tão grande que o saldo final tá meio camuflado. Uma coisa pode ser apenas objetivamente boa? Ganhar uma pepita de ouro é só bom se ela vem atirada na sua cara? Sei lá, sinto que é meio isso que eu tô sentindo hahahah.

Ok, já me sinto confortável o suficiente pra parar de usar metáforas e dar volta no assunto.

Das várias coisas que aconteceram nos últimos tempos, os destaques foram os seguintes:

1. Desde o ano passado comecei a testar pronomes neutros e entendi que agora eles são os que melhor encaixam na minha vida. Nath, nem comentei contigo, mas confio que através do blog isso vai chegar em você, haha. 
Ter mudado pra um emprego em que a maioria das pessoas se esforça pra respeitar meus pronomes é um grande ponto nessa mudança, não é perfeito, mas ajuda. Ainda assim, ainda tenho preguiça de conhecer mais gente e passar pela apresentação tripla da minha existência. Quem sabe no futuro eu me encha de coragem e naturalidade quanto a isso. Por hora seguimos no piloto automático.

2. Comecei a fazer aulas de espanhol. Uhuuu, grande progresso. Apesar de ser uma coisa que ainda me dá preguiça, tá me ajudando bastante a me sentir mais confortável falando, me salvou muito na viagem na hora de falar com a minha família peruana (que foi completamente caótica tanto quanto foi amorosa, acho que nem cabe no post) e também é uma prova de que pelo menos 1 movimentação pra fora da zona de conforto eu fiz. 

3. Fui promovide. Finalmente, com muito custo, estresse e falta de comunicação. Mas fui, agora preciso retomar o foco, porque já estou com planos que exigem mais do que o novo salário que mal comecei a ganhar kkcry.

4. Fiz novos amigos, mesmo que no trabalho. O grupo de afinidade LGBTQ+ da empresa tá firme e forte e como esse ano passei a liderar junto com outra pessoa trans a situação de uma melhorada bizarra. Muita coisa legal aconteceu, fiquei feliz, me engajei, etc. E agora já tô que quase não aguento mais hahah. A liderança no grupo, não meus amigos, que fique claro. 
Ainda não sei se é uma sobrecarga específica da posição de liderança, que por si só já é algo que eu desgosto, ou se é apenas o acúmulo rotineiro do fim de ano. Só sei que tô com vontade de jogar tudo pro alto. Chega de mais trabalho, ainda que tenha roupagem de coisa importante.

5. Fiquei em dúvida sobre colocar isso aqui, mas ruim ou não é um destaque. Perder o Cuca foi e é horrível. Passei a primeira metade do ano vivendo em função dele quase que exclusivamente e depois que ele foi embora eu só mergulhei em tudo e qualquer coisa porque nem meu cérebro tava conseguindo sustentar a situação, era como se nem tivesse acontecido.
Desde que voltei de viagem a falta e o desamparo tão batendo e eu tô tentando bastante lidar e sentir tudo. É só vazio.

6. Bom, não posso deixar de mencionar que eu estou num relacionamento?????? É, parece um salto gigantesco mencionar assim depois dos últimos 6 anos de silêncio. Pra não dizer que não aconteceu nada, eu tentei gostar do Giovani e tentei ver se algo rolaria com um dos meus amigos do trabalho. Particularmente, eu e migo do trabalho teríamos formado um casal incrível, mas ele gosta demais de mulheres padrão-alternativas, coitado. Saiu perdendo. 

Voltando ao presente, estou namorando (???? juro muito esquisito escrever isso) com a Mara. Uma mulher trans italiana que eu conheci dando match no bumble quando viajava com o Higor em novembro do ano passado. Claro que quando eu dei match na época o interesse romântico era 2% e minha intenção era genuinamente indicar um podcast de D&D pra ela, porque achei que ela ia gostar e seria muito legal ter mais uma amizade trans, por que não? 
Dessa indicação pra cá seguimos conversando, nos ligamos algumas vezes e estreitamos muito a amizade, até que comecei a planejar a viagem desse ano e as coisas mudaram de figura. Ela me falou que gostava de mim, pra que eu não fosse visitá-la sem saber disso e me sentir traíde chegando lá e, bem, naquela hora eu falei que achava ela uma gracinha, mas não sabia ainda onde isso ia dar já que depois do show de horrores que foram todas as minhas relações até agora, minhas emoções são racionalizadas só de piscar. Basicamente, desejar alguém há 2 continentes de distância parecia uma ideia péssima.

Corte para minha vida agora justamente nesta situação hahaha. 

Bem, essa é uma história longa e cheia de pormenores, mas o resumo é que: a semana que passei com ela foi uma das mais importantes e restaurativas que eu tive na última década; ela é uma pessoa incrível e ao mesmo tempo, com pontos de ajuste que me preocupam muitíssimo; estou vivendo uma fofo relacionamento a distância (kkkkkk claramente sáfico) em que o único problema é que ele pode acabar a qualquer momento pois estamos num impasse a respeito de não monogamia. 

É. 🤡

De início eu acreditei que seria capaz de finalmente entender e fazer essa dinâmica funcionar pra mim. Na teoria faz muito sentido, era algo que ela levantou e entendo muito considerando o fato de que Mara teve praticamente 0 experiência sexual/romântica e existir da maneira certa é algo que faz a gente querer viver tudo. Dito isso, quando chegou a hora de colocar em prática eu tive um chilique. Depois de muitos debates internos e externos, com amigas não-monogâmicas e mais, entendi que realmente não dá não. Expliquei isso pra ela, deixando claro que eu não tenho intenção de mudar nada, mas que se em algum momento ela encontrar alguém que faça sentido se relacionar romanticamente, é só me avisar e a gente passa pro status platônico. E é isso, um namoro que pode a qualquer momento ser revertido pra amizade, bem razoável. 

Parte de mim acredita que talvez ela nem seja, de fato, não-monogâmica e que vai perceber o quão incrível eu sou e parar com esse papinho. Sei que é uma parte que serve apenas pra assoprar meu machucado, então não deixo que isso me iluda muito mais do que o necessário. Sei lá, tô deixando rolar.
É uma pessoa boa demais pra fechar a porta só por algo que nem tá acontecendo. E também é um relacionamento saudável e feliz demais pra eu não me permitir vivenciar. Sei lá, tô deixando rolar.

Como eu disse: uma história muito longa hahah.

Além disso ainda teve as várias partes da viagem, solo, com amigos, com minha família do Peru caótica, e mais o fato de que talvez eu inicie o aluguel do meu apartemento pro ano que vem ainda em novembro, mais tudo que isso implica... Não tenho condições de cobrir mais esse mundaréu de coisas.

Pelo menos comecei. Espero voltar.

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