06/05/2023

Nunca é pouca coisa, mas pelo menos agora é um montão de coisa boa

As coisas tão indo muito muito bem. E eu tava sentido que tava tudo muito muito bem, mas agora olhando pro branco do post me deu aflição de começar.

Medo de que? Confesso que me assusta sentir um aperto no peito nesse momento. O blog tem sido meu refúgio por tantos anos, literalmente mais de uma década. Sentir ansiedade de pensar em postar me parece um pouco desesperador, mas por agora vou passar por cima dessa sensação e afirmar que foi algo momentâneo e que não vai voltar. 

Sei lá, vai ver é efeito colateral de aniversário. Tava achando diferente demais nenhuma deprêzinha de niver. 

Bom, vamo lá. Ser apesar disso. Acima disso. 

Aconteceu muita muita muita muitamuitamuita coisa, é claro.

Dentre elas, mesmo antes da revolução que foi a viagem pra Porto-HolandaBarcelona-Algarve, assim mesmo, com os traços pra indicar os hiatos em que tive que trabalhar e perder anos de vitalidade (GASTANDO EM EUROS), muita coisa já tava cozinhando por aqui. 

Ainda não consegui decidir se minha nova psicóloga é muito boa ou se eu que tô numa fase de muita resolução e avanço de vida. 

Pausa.

Fast forward em 1h porque parei pra rever o blog e entrei num buraco de minhoca de memórias revendo retrospectiva, que foi pra lista de desejos, que foi pro MAL, que foi pro pinterest, deu ansiedade e voltou.

Depois das poucas sessões que fiz com o menino da fenomenologia (que pena que não durou, mas infelizmente só consigo pensar nele como "menino", talvez "migo", mas nunca psicólogo kkcry) passei a tentar falar menos "tenho ansiedade" ou "sou uma pessoa ansiosa" e atribuir a sensação a momentos. Só que agora eu menciono ansiedade com tanta frequência que não sei se ajudou muito... 

Bem, já faz um tempo que olhar o pinterest era algo que me causava desconforto. Desconforto esse que sei bem do que é feito, mas que segui e sigo empurrando pra baixo do tapete. 
Eu sei que não desenhar ou produzir nenhum tipo de arte não é o ideal pra mim. Desde a pandemia comecei a cavar o abismo entre mim e arte, tenho plena consciência disso e me encontro bem aí, na parte mais funda, sem escadinha.

E assim, eu sei. Eu sei eu sei eu sei e odeio que eu sei. Porque depois de tantos anos fazendo outras coisas, descobrindo e aperfeiçoando partes de mim que importam e me inserindo em espaços que também fazem sentido além da arte, sinto que enferrujei e isso acaba comigo. 

Então afundo a cabeça na areia, daí surge o pinterest cheio de coisas que combinam comigo e eu sofro.

Sabe, em Barcelona conheci o Jacob, um professor de arte austríaco. E conversei com ele fingindo que os nossos mundos ainda eram parecidos, que eu vivia a mesma coisa que ele. Só que era Cami de 5 anos atrás falando com ele, costurando retalhos de vida atual pra tentar não acabar com a fantasia. 

Por ter tido frustrações com o meio "ilustrador/artista/designer" aqui em sp nos últimos anos acabei me afastando propositalmente dessas pessoas e, sem esse "incentivo", acabou que me afastei das coisas boas também e demorei a perceber que fazia falta. 

Agora que tem um buraco enorme, evito olhar muito pra ele. Fecho o pinterest e volto a escrever. Hahaha.

A parte boa é que isso vai mudar. Esse ano, que parece estar finalmente começando, eu e Nathi vamos fazer A Retomada . Tô confiante e esperançoso. Vai rolar.

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Fora isso, tem mais várias pautas na agenda. Claro que a maioria delas não vai sequer beirar o post, porque já tô cansando e mal comecei a falar da viagem... Ai ai.

Consegui um novo emprego. IHU, senhoras e senhores.

Depois de prometer a mim mesmo que eu sairia da empresa até abril e passar por uma frustração de, não só não sair antes de abril, mas também viajar trabalhando 2/3 do tempo e FAZER ENTREVISTAS também nesse meio tempo, finalmente a glória veio. 

Na moralzinha, não é lá tuuuudo que criei na minha mente. Meu convênio médico agora vai ter coparticipação (esperava mais, dona Gympass), meu salário não vai aumentar drasticamente, nem os benefícios, mas sabe o que? Foda-se, eu tô MUITO FELIZ. 
Eu almejo essa vaga há mais de ano, é meu primeiro degrau. E se tem algo que sei fazer bem, é ralar pra subir escada corporativa em tempo recorde. Então assim, só alegria.

Depois da dissociação que foi o período pré-viagem, em que não consegui sequer pensar ou contar pra minha psicóloga que eu ia viajar, porque o desgosto de ter que trabalhar era tanto que não dava nem pra pensar em planejar nada, agora é tempo de festa, orgulho e respiro.

Terça-feira vou ter a famosa conversa com minha chefe (e meu ex-chefe) e ver até quando trabalho. Minha data pra começar na vaga é só em junho, então minha ideia é tentar pegar pelo menos 2 semanas de descanso. Duas semanas tal qual o tempo de férias que me foi negado, olha só como o mundo dá voltas, menine. ✨ 

Pois é, o trampo veio, agora é seguir riscando os itens da listinha de desejos. Daqui pra cima.

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Cansei já. 

Queria que o post se materializasse diante de mim, prontinho haha.

Como não é o caso, vou tentar fazer um apanhadão pra finalizar e dormir (aham, sei).

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Primeiro, deixo aqui documentado que, no período de 20/04 a 23/04, eu fui a pessoa mais gostosa e desejada de Barcelona. Não sou eu que decido, é a voz (e as encaradas) do povo. 

Sério, além de toda arquitetura de tirar o ar, aquela cidade me deu a confiança de milhões que nunca existiu em mim. 

Lá o padrão é encarar. Encarar se acha bonito, feio, esquisito, se tá tentando decidir o que achar. É a norma. 
Como uma pessoa não binária bem longe de casa, no começo foi meio assustador. Mas pagando caro e com cada minuto sendo um minuto a menos da minha viagem, graças a deus meu cérebro criou o interruptor "grande goxxxtosa" e deixou colado com fita isolante até o embarque de volta pro Porto. 

E quando as pessoas falam "ai, quando você se sente bem, os outros também te veem desse jeito". E ESSA MERDA É VERDADE, SABE???!!! Assim, acho uma palhaçada que uma frase trouxa dessas seja verdade, mas... realmente kkkkkkcry.

Saímos 2 vezes a noite e, cara foi incrível. Nunca me senti uma pessoa desejável. Sequer é algo que me passa na cabeça, afinal o espectro ace tira muito da minha percepção nesse quesito. Mas, sério, foi surreal. 
Fiquei com um monte de gente, o que, com certeza confirma que "quantidade ≠ qualidade", mas peneirando pra focar nas partes positivas, foi algo importante pra me ajudar a entender que, sim eu posso e quero me relacionar de novo.

Óbvio também que a única pessoa com quem fiquei e gostei foi também a ÚNICA que não peguei nenhum contato e ficará pra sempre assombrando a minha memória com tudo que a gente poderia ter tido (amo a ideia de você, Edward, na minha cabeça você é o único norte-americano branco que presta KKKKKK). Mas tirando isso, ter experimentado depois de tantos anos toque e troca foi importante.

Já faz um tempo que me enrolo no bumble e fico evitando todos os possíveis "sim" e essas experiências me fortaleceram pra olhar pra situação aqui em casa e pensar "acho que agora vai" hahaha.  

Ainda tenho algumas coisinhas pra fazer antes de cavar tempo pra encontros e beijinhos, mas agora parece bem menos distante. Progresso.

Confesso que ainda tô um pouco insuportável pensando "ain mas eu queria mesmo uma boquinha estrangeira hihihi", mas logo eu paro de graça.

Até porque, antes de mais nada ainda tem bastante coisa preu resolver antes de andar com isso.

Tem emprego, aparelho, tirar os sisos, ver se vou me mudar ou não esse ano, começar a fazer exercício, desfazer minha mala e tentar ser um ser humano funcional dentro de casa... Só pra listar algumas coisinhas básicas e de curtíssimo prazo. 
O brilho nos olhos vai já desaparecendo, vê? 🫠🫠🫠

Pois é.

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Agora, sobre sair de casa.
Pra encerrar também, porque tô cansadim.

Não é de hoje que minha casa tem se tornado um local de anulação ao invés de conforto. Eu e minha mãe infelizmente temos o mesmo mau hábito de se esvair e passivamente se acostumar às condições ruins que possam aparecer. A gente só... deixa ir. E isso é um atraso de vida que não posso me permitir ter. 

Antes tava claro pra mim que a solução era sair daqui pra resolver. Agora, depois de 3 (só três!) meses de terapia com a Aline, comecei a me questionar se não seria possível e imensamente realizador transformar a situação aqui de casa pra melhor e voltar a cultivar a relação com a minha mãe, que foi ficando soterrada por todos os problemas externos que anulavam e anulam a gente.

E putz, como isso é difícil! Porque parece algo ótimo, mas o trabalho emocional e físico que isso envolveria é enorme. E mudar seria mais simples, porém, todavia, entretanto... Enfim, um dilema.

É uma escolha que não tava visível e que agora complicou tudo, haha. 

As coisas podem ser boas dos dois jeitos. Eu posso, em teoria, dar uma melhorada na vida atual antes de me mudar. Só que pra isso preciso me mexer. E tá difícil.

Infelizmente a viagem não teve efeito nesse ponto. Voltei e continuo virando parte da mobília aqui em casa. Deixando pra amanhã a tarefa, o cozinhar, o arrumar, o "vamos chamar alguém pra consertar o filtro?". 

Sair dessa inércia é um dos grandes desafios dos quais tenho me esquivado nos últimos anos. Me escondi muito bem atrás da faculdade e das dificuldades no trabalho, sobrecarregando minha mãe no meio do processo. 

Sei que não dá mais, mas não quero sair da cama quentinha da autocomiseração. É foda. Espero conseguir me mexer.

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Adoro que consegui fazer um 180º de várias pautas boas e felizes pra um dilema que me come o sono, bem na hora de terminar o post. 

Incrível, um talento eu diria haha.

Pra não ficar tão pesado, colo com lantejoulas a experiência catártica que foi assistir Moonage Daydream durante o voô de volta pra casa.

Como é sempre um acontecimento pra mim assistir filmes estando só, tenho aproveitado as poucas viagens longas que fiz pra preencher esse vácuo. 

Moonage Daydream foi muito mais do que eu poderia esperar. Queria muito ter tido a chance de assistir em algo maior e mais imersivo do que a telinha minúscula do assento do avião, mas mesmo isso não diminuiu o impacto.

Dependendo do dia e se durar muito, pensar no David ainda dói. Agora mesmo, no meio tempo de pesquisar um pouquinho já me faz segurar lágrimas e uma tristeza que não tem cabimento e nem fim. 

Por isso, acabo ironicamente me afastando de consumir muita coisa de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Dessa vez arrisquei e fui ver o filme pra me distrair do moço que tava do meu lado, que era do tipo homem de meia-idade legal/chato que é bem intencionado, mas fala demais e cansa.

Foi maravilhoso. Fazia pelo menos 5 anos que eu não via um vídeo dele, então assistir a 2 horas de colcha de retalhos entre passado e presente-passado-vivo foi... Muita coisa. 

Fico feliz de ter tido a oportunidade.
Essas coisas que a gente não sabia que tava precisando, bem assim. 

É com essa sensação de aperto bom no peito que quero terminar.

Aparentemente, todo tempo do mundo pode passar, mas quem conduz o meu barquinho salva vidas é um homem-alien-entidade com uma das pupilas maior que a outra. 

Que bom.

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